segunda-feira, abril 13

impotência pacífica

da fachada já percebo, pelo sujeira posta em seu entorno posso prever o que me espera no interior. quando entro sinto o fedor de carne humana. podre, desgastada. o hall estreito tomado por vícios, mesquinhez. penso em voltar mas é tarde, não há retorno. subo as escadas largas e negras. em cada degrau escarros de inutilidade e fraqueza, cólera da ignorância. no quarto me sento entre as chagas do solo. acomodo-me cercada por quatro paredes sem janelas, por onde deslizam secreção, dor, desespero. a verdade nua, sem disfarces ou máscaras, bem diante de meus olhos. e por mais que eu queira modificá-la, fico estática, vendo a porta mofada lentamente se fechar.

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